IGNÁCIO RIBEIRO DE ANDRADE (1870-1953) - SÉRIE "FUNDADORES DO CEDRO"

Fazenda da Serra (lavoura de café do Sr. Luiz Corrêa) - Dores do Indaiá - década de 1950.  – Ignácio Ribeiro é o terceiro da direita para a esquerda, entre seus netos Paulo Ribeiro de Andrade, Waldir Ribeiro, seu genro João Ribeiro Coelho “João da Vó”, sua filha Maria Teixeira de Andrade, entre outros não identificados. É possível ver o cafezal ao fundo. O morro do Palhano fica a direita desta fazenda.

Primeiros anos:

Ignácio Ribeiro de Andrade nasceu em Oliveira-MG no ano de 1870. Era filho de Antônio Pedro de Andrade (1844-1913) e Ana Maria de Jesus (?-1880). Teve papel importante na ocupação e desenvolvimento do que hoje é a cidade de Cedro do Abaeté.

Filiação

Seu pai, Antônio Pedro de Andrade, nascido em Oliveira no ano de 1844 era filho de Francisco Joaquim de Andrade (1796-1860) e Laura Delfina de Jesus (1809 - ?), que era neta do Alferes Manoel Pinto de Barros. Foi ex-aluno do Colégio do Caraça, além de capitão da primeira companhia da capitania de Minas Gerais, inspetor escolar de Carmo da Mata e grande proprietário rural nesta localidade. Sua mãe, Ana Maria de Jesus (1836 - 1880) era filha de Ignácio Antônio Ribeiro da Silva (1785-1847) e Maria Balbina de Jesus (1804-1880), sendo neta do Alferes Inácio Ribeiro da Silva (1755-1815), que era o proprietário da fazenda do Bom Retiro do Jacaré, Aplicação de Oliveira da Vila de São José.

 

O Casamento

Ignácio Ribeiro casou-se em 09/09/1892, aos vinte anos de idade com Francisca Cândida Teixeira (1878-1947) e juntos tiveram 09 filhos.

Atividades

O nome de Ignácio parece nas listas de atividades econômicas de Oliveira-MG e Carmo da Mata-MG como negociante de gado e também fazendeiro no ano de 1898 (com 28 anos de idade). Tinha próxima relação com o grande fazendeiro Coronel Olyntho Ferreira Diniz, bisavó do Sr. Fernando Diniz, como pode ser atestado no Jornal “A época”, de 1914, onde os dois estavam hospedados no mesmo hotel “ Globo” de Belo Horizonte. Olyntho era casado com a Tia Avó da esposa de Ignácio. Além disso, Coronel Olyntho e sua esposa foram padrinhos de batismo de uma das filhas de Ignácio (Jeni), batizada em 1918 na cidade de Carmo da Mata.

A ida para o Oeste

Ignácio e outros empreendedores de Carmo da Mata começam a investir na região de Dores do Indaiá nos fins da primeira década do século XX. Um dos documentos que atestam esse fato é a certidão de nascimento de um dos seus netos, nascido em 1917 na cidade de Dores do Indaiá (o neto em questão é o senhor Jurandir Ribeiro de Andrade). Anos depois ele adquiriu a fazenda do Brejão, no Município de Dores do Indaiá, sendo chamado por alguns como “Inácio do Brejão”, o que ficou eternizado nos versos do poeta dorense Tunico Caetano:

"De longe Carmo da Mata,

Veio Inácio do Brejão,

Por algum tempo viveu

Neste imenso chapadão..."

Lista de produtores rurais de Dores do Indaiá - 1931, registro mais antigo já encontrado de Ignácio entre produtores dorenses.

Tempos depois passou daquela propriedade e adquiriu a fazenda Baixadão, na região dos Três Morros em Cedro do Abaeté. As 2 fazendas seriam anteriormente da família dos Diniz. As colheitas na fazenda Baixadão foram lucrativas proporcionando a possibilidade de comprar mais terras. Por último, vendeu a fazenda para Zacarias José de Resende (avô do Tim Caria, o proprietário atual) comprando então a fazenda Pasto do Rei, este última dos descendentes do Major José de Deus Lopes e posteriomente do seu genro, o Barão do Indaiá. A presença de Ignácio na região pode ser atestada pela certidão de casamento de um de seus filhos, em 1933, na matriz de Abaeté. Além da casa que vivia no pasto do Rei, Ignácio também construiu uma casa no povoado do Cedro do Abaeté, que ficava entre as atuais casa de seus netos Inácio Andrade e Tôe do Tunico.

Certidão de Casamento do filho de Ignácio, o senhor Pedro Ribeiro de Andrade.

É interessante notar este movimento de proprietários da região do Carmo da Mata adquirindo terras na região entre o Indaiá e o São Francisco, especialmente na região do Pedra Menina e Capacete. Com a expansão da EFOM (Estrada de Ferro do Oeste de Minas) diversas famílias deixaram suas propriedades em Carmo da Mata para ir trabalhar nessas vastas terras próximas ao Indaiá.

A relação com Dores do Indaiá

Ignácio tinha estreita relação com Dores do Indaiá, local onde ia com relativa frequência. Na foto abaixo, tirada em 1939, da inauguração da casa de sua filha Maria Teixeira, ele aparece do lado de sua esposa Francisca Cândida. Está na foto também seu filho Pedro Ribeiro de Andrade (Pedro Inácio).

Inauguração da Casa dos Pais de Paulo Ribeiro de Andrade - Dores do Indaiá - 1939

Ignácio Ribeiro de Andrade - sem data. Foto tirada provavelmente em sua casa no então povoado do Cedro.

A fazenda Pasto do Rei

A fazenda Pasto do Rei, no fim do século XVIII e início do XIX, foi um dos locais em que os cavaleiros que faziam a Guarda dos Quartéis da Nova Lorena Diamantina deixavam seus animais. As cercas da época eram feitas escavando vales na terra, para inibir que os cavalos passsassem. Alguns destes vales podem ser vistos até hoje. Essas terras faziam parte da fazenda Santana, gigantesca gleba de terras na região que pertenceram a comandande do Quartel Geral. Quando da compra do terreno por Ignácio, havia uma casa grande, onde ele viveu com a esposa. Até recentemente era possível ver os imensos caibros de aroeira que sustentavam a casa. A sede atual foi construída por Pedro Ribeiro de Andrade, provavelmente em 1950. Ali a família Ribeiro de Andrade plantava principalmente milho, feijão e fumo além da criação de gado.

José (Zé do Pedro), neto de Ignácio. Provavelmente na Pasto do Rei. Foto sem data. Aprox. década de 50.

Descendência:

1. Antônio Ribeiro de Andrade (1894-1968)
2. Ana Teixeira de Andrade (1895-?)
3. João Ribeiro de Andrade "Joãozinho Inácio" (1897)
4. Theodoro Ribeiro de Andrade (1904-?)
5. Conceição Ribeiro de Andrade (1909-?)
6. Guiomar de Andrade Costa "Titita" (?)
7. Pedro Ribeiro de Andrade "Pedro Inácio" (1912-?)
8. Geni Teixeira de Andrade (1916-?)
9. Maria Teixeira de Andrade "Tia Lilia" (1918-?)

Legado:

Ignácio Ribeiro foi um homem de visão, criando numerosa família e com relações em todo o Oeste Mineiro, desde sua cidade natal Oliveira, passando por Carmo da Mata (onde nasceu a maioria de seus filhos) bem como Dores do Indaiá e por fim Cedro do Abaeté. Em Cedro, por sua grande extensão de terras e produção de grãos, gado e fumo empregou diversas famílias e contribuiu com o desenvolvimento local. Essa atividade foi merecidamente reconhecida na Lei nº 151 de 21/11/1954, primeira que deu nome as ruas da vila do Cedro com a rua "Coronel Inácio Andrade" sendo a que partia do Grupo Escolar e vai até a Casa de "Mário José da Silva, próximo ao cemitério". Seus descendentes, os Ribeiro de Andrade, seriam fundamentais na articulação da emancipação de Cedro do Abaeté na década de 60 e seu neto José Ribeiro de Andrade "Zé do Pedro" foi um dos grandes prefeitos da cidade.

Fontes:

- Livro "Família Ribeiro de Andrade - Raízes do Centro Oeste de Minas Gerais " do primo Carlos Ribeiro.

- Livro " A vida é um sonho", memórias do Paulo Ribeiro de Andrade.

- Entrevistas com familiares e amigos.

Anexos:

Fazenda "Pasto do Rei" em 2014. Foto do Paisagens Do Indaiá. A fazenda originalmente pertencia provavelmente à grande Fazenda Santa Ana, pois era de uma descendente do Major José de Deus Lopes: a senhora Joana Helena Álvares da Silva (Janota).

Fachada do Palácio Hotel – Antigo Hotel Globo – Localizava-se entre a R. da Bahia e R. Tupis; foi demolido e atualmente é o Othon Palace. Belo Horizonte,1920. 

Neste documento, do Gazeta de Oliveira, do ano de 1897, ao lado de Padre Galdino e Olyintho Diniz, Ignácio assina um documento de apoio a candidatura de um advogado de Oliveira, o senhor Eduardo Pimentel Barbosa (candidato a cadeira do Congresso Mineiro).

Jornal "A época", 1914. RJ

Jornal Gazeta de Oliveira, sessão de Impostos, 1898. Ignácio aparece como Negociante de Gado.

Inauguração da Casa dos Pais de Paulo Ribeiro de Andrade - Dores do Indaiá - 1939

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