QUARTEL GERAL DE SANTO ANTÔNIO DO ABAETÉ
O Quartel Geral de Santo Antônio do Abaeté, no médio Rio Santo Antõnio (afluente do Rio Paracatu) foi um destacamento da antiga Cavalaria Regular de Minas Gerais. Segundo a Breve Descrição Geográfica do Diogo Vasconcelos ('1807): pag 149 "Há o Quartel Geral de Abaeté e do Rio da Prata que dele depende."
Esse quartel foi um dos primeiros a serem fundados na região dos Rios Diamantinos ainda em 1788. Quando a descoberta de ouro na margem esquerda do rio Jequitinhonha e diamantes no Rio da Prata e zona do rio Abaeté causou um rebuliço na região, o Visconde de Barbacena ordenou a ocupação do rio Santo Antônio do Abaeté por uma guarda. Sua localização era às margens de um afluente direito do Rio de Santo Antônio chamado "Riibeirão da Fortuna". Atualamente é município de João Pinheiro.
"Depois de transpostos os córregos Sucuriú e Catigueiro,que são afluentes do Santo Antônio, encontra-se o da Fortuna, em cuja margem jazem montões de pedra já enegraecidas elo empo e restos quase apagados de uma grande construção que os anos destruíram. Eram s vestígios das primeiras explorações diamantinas ali feitas, havia mais de um século e os de um antigo quartel de milicianos a cavalo, que guardavam aqueles tesouros do rei"
Link: https://memoria.bn.gov.br/DOCREADER/DOCREADER.ASPX?BIB=181897&pagfis=4140
O dito quartel contava ainda com um hospital militar, que era uma enfermaria modesta para o socorro dos soldados enfermos contando com botica e um médico cirurgião. Em uma Ordem régia de 1805 vemos ser endereçada ao furriel comandante do destacamento do Abaeté determinando para que execute a obra da reforma do quartel-geral da guarda militar sob a responsabilidade do capitão Antônio Joaquim pagando a 1ª parte do valor cobrado no início dos trabalhos e o restante no término. Essa reforma está no contexto do aumento do interesse da Coroa pela região diamantina do Oeste mineiro principalmente os rios Abaeté e Indaiá.
(...)
"
Quartel para os soldados com 8 tarimbas com seus gavetões com xaves
Uma boa fexadura na porta com ferrolho e também na janela
Um quarto com 4 tarimbas (?) forrado por cima, com sua janela com grades e uma fexadura na porta
Um calhabouço com um (?) com dobradiças e feixadura boa na porta
Um quarto com fexadura na porta e uma janela (?) e mais pedreiros
Um quarto com fexadura e xave é para morar o (?)
Uma dispensa, uma cusinha, uma sala com dois bancos e uma mesa nova que é para os soldados cumerem. Na porta da dispensa e da cusinha xave e janelas
Tudo o que for esteios caibros e telhas que se precisar eu por de novamente. As paredes arruinadas fazê-las de novo e tudo bem rebocado e caiado com cal, os telhados rebocados com reboque e cal digo emboçado
Nas grandes aberturas das paredes de adobos levar esteios mais juntos para as segurar
Quanto ao quartel do comandante a de se fazer conforme juízo aqui se acha em ser e o que neste existe é esteios portadas e telhas muito poucas e o mais se tem tudo consumido com os tempos e por ver se de que me obrigo a fazer os ditos Quartéis e dar todo o para eles.
Mandei passar o presente eu também assinei e mais o dito Comandante Ambrósio Caldeira Brant
Quartel Geral de Sto Antônio do Abaeté 15 de Março de 1805
Ambrósio Caldeira Brant
Antonio Joaquim de Souza "
Comentário: De acordo com Francis Albert Cotta "Em função do número reduzido de soldados e por questões estratégicas, os militares da Cavalaria eram postados onde se pagavam os tributos (registros, passagens) e nas regiões extratoras do ouro e diamante. O Regimento era dividido pelas quatro comarcas em seis comandâncias, localizadas em Vila Rica, São João del Rei, Sertão, Paracatú, Tejuco e Minas Novas. Cada comandância seria responsável por um grupo de destacamentos, registros, guardas e patrulhas. Os destacamentos eram guarnecidos por cabos e soldados. Cada um possuía cerca de seis soldados; exceção feita ao quartel do Tejuco, que dispunha de doze a vinte militares. Uma guarda geralmente era composta por um cabo, quatro soldados e dois pedestres. A composição das patrulhas variava de acordo com a missão a cumprir."
Vocabulário:
Tarimba é um estrado de madeira em que dormem os soldados nos quartéis e postos de guarda; (dicionário português)
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Registro dos Ferreiros, um dos quartéis da região dos Rios Diamantinos. Gravura do Mapa "Demarcação do termo da Villa do Paracatu do Principe, cerca de 1800. Arquivo Histórico Ultramarino. |
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Exemplo de Tarimba rústica |
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Exemplo de Casa de tijolo cru de Adobe rebocado com cal e barro |
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Quartel Geral de Santo Antônio do Abaeté (destacado em roxo). Detalhe da Carta da Nova Lorena Diamantina, Miranda C.L, cerca de 1800. |
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