MARIA ANA DE JESUS "VÓ TÉ" (1896-1991)

Maria Ana de Jesus “Vó Té” (1896-1991) nasceu na fazenda Sant’Anna, localidade do Pasto do Rei, no dia 30 de dezembro de 1896. Sua mãe, conhecida como Dona Suzana, era proveniente da Bahia e trabalhou muitos anos como serviçal na sede da fazenda Sant’Anna, do Barão de Indaiá, primeiro como escravizada e também depois de liberta pela Lei Áurea em 1888. No ano de 1892, o Barão deu a fazenda de Pasto do Rei como presente de casamento a dois filhos João Zacarias Álvares da Silva e Antônio Alípio Álvares da Silva. Estes casaram-se com suas sobrinhas, as irmãs Izabel Alvares de Abreu e Silva e Joana Helena de Abreu e Silva “Janota”. Estes casais viviam bem próximos e o Barão pediu que Suzana trabalhasse na casa de Joanna Helena. 

Após mudar-se para o Pasto do Rei, Suzana teve dois filhos: Maria Ana de Jesus “Vó Té” e José Claudino “Juca da Suzana”. Eles cresceram em amizade e convivência com as crianças filhos de João Zacarias e Isabel que eram Violeta Álvares da Silva, Belchiorina, Antônio, Maria Izabel, Adelaide, Conceição, Nair e Teófilo. Joana Helena e Antônio Alípio não tiveram filhos. 

Maria Ana de Jesus casou-se e teve três filhos: Zulmira Rodrigues da Silva (que casou-se com Ari Cipriano), Esmeralda Rodrigues da Silva e Antônio Rodrigues da Silva. Seu marido saiu para buscar oportunidades de emprego em outras regiões. Certo tempo depois, seus filhos Esmeralda e Antônio também mudaram-se com a mesma finalidade. Infelizmente, Maria Ana nunca mais teve quaisquer notícias de nenhum deles. 

Após viver muitos anos na região do Pasto do Rei, “Té” mudou-se para o Cedro com a filha Zulmira. Ali fabricava farinha de milho socada no pilão e também o azeite de mamona. Porém, seu grande talento era a produção de quitandas, tradição que recebeu de sua mãe e que vinha sendo transmitido de geração em geração. Logo ficou conhecida como a melhor quitandeira da localidade. Dominava como ninguém o forno de barro de onde saíam bolos de variados sabores, biscoitos de fubá, beijus, petas, broas, roscas, biscoitos de queijo, tarecos, arroz doce, etc. A palavra quitanda é derivada de “kitanda” e significa tabuleiro na língua quimbundo, idioma falado na região noroeste da Angola. A historiografia mineira relaciona a atividade das quitandeiras às mulheres negras, escravas ou livres, vendedoras ambulantes de comestíveis dispostos em tabuleiros.

“Té” fazia e vendia as quitandas no ambiente doméstico ou indo até as fazendas. Trabalhava muito e deslocava-se a pé para prestar seus serviços. Católica piedosa, frequentava os sacramentos e tinha muita fé. Apesar das dificuldades que enfrentou, ela sempre possuiu um natural carisma que lhe conferia grande simpatia e um sorriso fácil. Por isso era conhecida por todos, adultos e crianças, como “Vó Té”. Gostava que lhe tomassem benção pegando em sua mão. Para muitos ela retribuía o gesto com um abraço carinhoso, tornando-a muito querida pela comunidade cedrense. 

Faleceu em Cedro no dia 07 de Agosto de 1991. No dia de seu velório um fato comoveu a todos. Seu cachorrinho ficou debaixo do caixão durante todo o tempo, acompanhando o esquife até o cemitério. Acolhido, o bichinho manteve-se triste, morrendo pouco tempo depois. 

Fonte: 

- Coarpe TJMG

- Memórias de Norma Helena (bisneta e afilhada de Maria Ana de Jesus). 

- Memórias do Sr. Salvador Guimarães (in memoriam). 

Nota: "Juca da Suzana era pai de Salvino Rodrigues da Silva "Bino" 

Maria Ana de Jesus "Vó té"


Maria Ana de Jesus "Vó Té"


Sentadas da esquerda para direita: Conceição Ribeiro, "Vó Té" e Nair Álvares da Silva. 
Ao fundo: Bastianinha, Antônio, Valdomiro, Sebastião Borges, Miriam. 
Vó Té, Ester, Rômulo, Pedro, João Augusto, Salomão na janela e Ronaldo na cerca.

Casamento da Wilsa, Vó Té, Ari do Salomão Guimarães, Iracema filha da Nair e mãe da noiva, Danilson Guimarães.

Valdomiro, "Vó Té" e Geuza. Em frente a casa recém reformada na travessa do "Tião Pinto". 

























 



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