HISTÓRICO DO GARIMPO DE DIAMANTES NO RIO INDAIÁ - PARTE I / 1714-1800

PARTE I 

DOS PRIMEIROS DIAMANTES À VIAGEM DO DR. COUTO. 

O diamante é um mineral raríssimo, e o de maior dureza dentre todos. Seu nome vem do grego "adams - ou seja, indestrutível". 

Está bem documentado que os diamantes começaram a chamar a atenção dos hindus há cerca de 3.000 anos, por volta do ano 800 a.C. Por interagir com a luz e refletir um brilho ímpar, a pedra era provavelmente usada como talismã da sorte e na decoração, segundo estudos. Foram eles que introduziram a medida de peso “quilate” (ou carat em inglês – de símbolo “ct”), porque pensavam que ele se originava de uma certa árvore cuja semente, a cattie, pesava mais ou menos 0,2 g

Da antiguidade até os tempos atuais, nenhum outro mineral exerceu nas pessoas tamanho fascínio e ambição, tornando-se assim um símbolo de riqueza e poder. 

No Brasil, antes da chegada dos portugueses, os indígenas pouco se interessavam pelo diamante, sendo muito mais atraídos pelo quartzo, por sua transparência e facilidade de trabalhar (em sítios arqueológicos da nossa região é comum encontrar quartzo próximo a vestígios dos autóctones). 

Descoberta do Ouro

Os sertanistas paulistas, devido a sua extensa experiência nas matas, uma vez que atuavam no preamento dos indígenas, acabaram por descobrir o ouro. Os primeiros relatos sobre o ouro datam da década de 1660, na qual começam a surgir rumores. A notícia rapidamente chega a todo o império português, tendo como consequência um  fluxo de migração para as regiões mineradoras. (1)

Oficialmente o descobrimento do ouro em Minas é datado em 1695, por Carlos Pedroso da Silveira, quando o Rei monta toda a estrutura e organização necessárias para a exploração do mineral. (2)

A primeira onda exploratória acaba com uma grave crise de fome, pois aqueles que foram para a região estavam preocupados em minerar, e não em estabelecer plantações ou comércio, o que gerou uma debandada de pessoas, ao passo que paralelamente se constitui um estímulo para a agricultura e a pecuária na região, visto que pela falta desses mantimentos o preço de tais produtos aumentava consideravelmente. 

Assim começa a haver uma dispersão dessas populações para novas áreas, buscando encontrar novas jazidas auríferas. Foi numa dessas expansões que se deu o descobrimento dos diamantes em Minas Gerais. 

Os primeiros diamantes no Brasil

Os primeiros diamantes em terras tupiniquins foram encontrados em 1714 no arraial do Tijuco, extraídos de uma lavra de ouro de Francisco Machado da Silva. No arraial do Tijuco (atual Diamantina-Mg) essas pedras bonitas eram usadas sem muito cuidado para jogos de azar, uma vez que a maioria dos habitantes ali não sabiam reconhecer um diamante. Alguns que já haviam estado nas colônias portuguesas da Índia e conheciam os diamantes comunicaram ao governador D. Lourenço de Almeida enviando-lhe 26 dessas pedrinhas. Acontece que D. Lourenço também viveu nas colônias indianas e reconheceu de imediato as pedras. 

Em 22 de julho de 1729 D. Lourenço se viu obrigado a comunicar ao Rei a descoberta.  Desde então a Coroa Portuguesa passou a fiscalizar a atividade mineradora com o intuito de controlar a exportação das pedras e manter os preços no exterior, além de reduzir a sonegação de impostos e o contrabando muito freqüente.

Regimes de exploração do Diamante

Foram três os modelos de mineração dos diamantes no Distrito Diamantino, sendo o primeiro conhecido como livre extração, durando de 1729-1739, e o segundo como período dos contratadores, de 1740-1771. O terceiro, iniciou-se em 1771 quando foi emitida uma nova legislação, o Regimento Diamantino, que implementava a Real Extração a partir do ano de 1772.

O primeiro consistia, basicamente, no arrendamento de terras mediante o pagamento de taxa por escravo e do quinto sobre o diamante, e as pedras poderiam ser exportadas, exclusivamente, por naus portuguesas. No total, são seis contratos ao longo do período estipulado, estando proibida a ação dos garimpeiros nas minas. 

A criação da Intendência dos Diamantes em 1734, objetivava aumentar a fiscalização, porém era comum a corrupção e o suborno. O primeiro intendente foi Raphael Pires Pardinho, e através de suas medidas se deu a criação do Distrito Diamantino e a primeira delimitação daquele território. 

O período dos contratadores se iniciou em 1740 e terminou no final do ano de 1771, de maneira que nesses anos foram feitos seis contratos ao todo. A quantidade de escravos permitida durante o contrato era de 600 indivíduos

Em 1771, tendo em vista o grande contrabando, o Marquês de Pombal instala a Real Extração. O novo regime, baseado no regimento de 1771 chamado de "O livro da capa verde", consistia no monopólio régio dos diamantes. 

A Real Extração :

Em 1771, a Coroa resolveu assumir a própria extração e comercialização das pedras, alegando que não conseguia impedir as fraudes dos contratadores, controlar a população, e, com isto, impedir a garimpagem e o contrabando. (...) Pelo Regimento Diamantino, editado em agosto de 1771 e que ficou conhecido como O Livro da Capa Verde, a Coroa criou uma administração própria – a Junta Diamantina – composta por um intendente, um fiscal e três caixas, subordinada a uma Administração Diamantina sediada na cidade de Lisboa. (4)

As descrições do garimpo daquela época são muito semelhantes com as que ainda se vê no Rio Indaiá: durante a seca retirava-se o cascalho do leito do rio que era acumulado em montes (chamados paióis). Quando chegava a chuva, cessava-se o trabalho nos rios devido ao excesso de água e lavava-se o cascalho acumulado. No início se usavam bateias, como para buscar ouro. Com o tempo, substituindo as bateias, eram feitas grandes mesas com quarenta palmos de comprimento e doze de largura onde era colocado o cascalho e sobre ele vinha um cano de água com varias bicas. Junto de cada bica vinha o escravo lavar o cascalho. 

Com a notícia das riquezas do Tijuco, milhares de aventureiros foram garimpar naquele local e foram tantos diamantes encontrados que eles quase perderam o valor na Europa. 

O Garimpeiro 

Etmologicamente o termo Grimpeiro é mais adequado. É o indivíduo que percorre as Grimpas das serras em busca de riquezas minerais. Garimpo era a mineração clandestina do diamante, e garimpeiro, o que a exercia. Quando pegos sofriam penas severas. Garimpeiro tornava-se muitas vezes aquele que obrigado a expatriar- se ou a passar uma vida de misérias, porque com a proibição da mineração se lhe tirava o único meio de subsistência, ia exercer a mineração clandestina, que julgava um direito seu, injustamente usurpado; - era aquele que, condenado a degredo para o solo ardente africano, vendo sua família na miséria, por lhe terem sido confiscados todos os bens, por qualquer arte ou casualidade escapava a punição e ia homiziarse nos profundo recônditos de nossas brenhas, d’onde poderia talvez oferecer algum auxílio à família, que fora obrigado a abandonar, e ver ainda a pátria, filhos, parentes ou amigos, de quem já se despedira para sempre; era finalmente o audaz, intrépido e ambicioso aventureiro, que ia buscar fortuna n’essa vida cheia de riscos, perigos e emoções. 

O garimpeiro só vivia do trabalho do garimpo, trabalho proibido pela lei, e este era seu único crime, mas, eram sujeitos que em sua maioria respeitavam a vida, os direitos e a propriedade de seus concidadãos

As minas de Paracatu e as primeiras notícias de diamantes no Indaiá. 

Em 1744 o guarda Mor José Rodrigues Fróis manifestou ao Governador da Capitania o descobrimento das minas de ouro de Paracatu. Após isso, houve intensa migração para aquelas bandas, principalmente porque milhares de exploradores que viviam do garimpo no Tijuco ficaram impedidos de garimpar pelo decreto de 1743, que dava o monopólio da extração para um contratador. 

Nessa busca de novas alternativas, muitos passaram inevitavelmente pela região diamantina do Abaeté (que ia do Indaiá até os rios Preto e Paracatu), motivados por um antigo roteiro paulista que prometia tesouros em ouro escondido próximo a uma "Gameleira e Três irmãos". Resultou disso que em 1745 já corriam informações das primeiras vendas de diamantes extraídos nessa região, sendo que o fiscal Belchior Isidoro Barreto foi mandado pela intendência do Tijuco para abrir uma devassa a respeito. 

Segundo Waldemar de Almeida Barbosa, em 1759 José Antônio Freire de Andrada acusava o recebimento da noticia da prisão de dois negros no destacamento (pequena fiscalização) do Andaial (Indaiá) por se acharem trabalhando nos "córregos proibidos". Isso pode ser um erro histórico pois havia um homônimo quartel do Indaiá em Tejuco, podendo não se referir ao rio Indaiá afluente do São Francisco. 

Em outro documento, um certo Manuel Pinto da Fonseca teria entrado pelas cabeceiras do Indaiá e Abaeté sendo surpreendido por uma multidão de negros fugidos armados. D. Rodrigo parece que teve a vaidade de querer ver seu nome registrado nos anais da capitania, como de um general guerreiro de fama: exagerando a gravidade e importância do caso, resolveu pôr-se à frente de um exército e ir pessoalmente bater os garimpeiros. Em fins de Janeiro de 1782 ali chegou acompanhado de duzentos soldados bem municiados, para reunir-se com as tropas dos dragões e pedestres da Extração, e depois com as forças destacadas na Serra; não se esqueceu da artilharia; trazia dois pesados canhões de grosso calibre. 

Já em um documento escrito por Luís da Cunha Menezes, o então governador da Capitania, dá conta de diligências militares que mandou fazer para expulsar garimpeiros dos rios do Sono, Abaeté entre outros, no ano de 1788. No manuscrito ele indica que em 1784 já haviam rumores da existência de diamantes na região denominada como “Sertão do Paracatú” que devem ter aguçado a atenção dos garimpeiros, ou ‘grimpeiros’, dos arredores da Demarcação Diamantina do Tijuco. Isso comprova que a região era vasculhada por exploradores que obtinham certa riqueza com a mineração e contrabando de diamantes. As demandas da diligência, que foram cumpridas com rigor, proibiam os habitantes locais a atravessar os rios em suas canoas com estranhos. Para reforçar o controle do governo na região foi criado um regimento militar no rio Abaeté, pouco tempo após deste período, fato documentado em carta enviada à rainha D. Maria de Portugal, por João de Souza Benavides sobre solicitações de mantimentos e reembolso a Manoel Teixeira de Gueiroga por despesas feitas pelos militares. 

O roteiro da Gameleira e Três irmãos

Nesta época, era muito comentado a existência do roteiro da Gameleira ou dos Três Irmãos, deixado por um primitivo explorador. O aparecimento deste velho roteiro, provavelmente abandonado por algum aventureiro que andara pelos sertões do Abaeté e do Indaiá e mencionava de forma truncada tesouros achados e logo abandonados por falta de víveres, deu causa a que os aventureiros procurassem durante muitos anos aquelas riquezas. Este roteiro indicava que os tais tesouros estariam próximos ao Três irmãos, que seriam três morros iguais junto aos quais, próximo a uma gameleira, teria sido deixada uma alavanca de ferro como pista. 

Influenciados por este roteiro diversos grupos de garimpeiros adentraram nessa região entre 1769 e 1771. O chefe de uma delas foi João de Godói e de outra Domingos de Andrade, já expulso do Distrito Diamantino do Serro do Frio.

Esses aventureiros, sobretudo o último, não encontraram, segundo disseram, nenhum vestígio de ouro em todo o sertão. Em compensação, descobriram diamantes em todos os rios, especialmente no Ribeirão do Areado.

A quantidade de garimpeiros que pegavam diamantes nestes rios ia engrossando a cada ano. Veja o tamanho destes garimpos a partir de um relato de João Godói em seu depoimento à Intendência do Tijuco:

"no Abaeté trabalhavam mil pessoas. Numa ocasião de seca se tiraram nove pedras de oitava para cima. O soldado do destacamento, incumbido de guardar o Rio Abaeté , consentia no trabalho dos garimpeiros, desde que lhe era pago o vintém do diamante. "

Logo que a notícia se espalhou, muitos garimpeiros atravessaram o sertão. Entre outros devem ser citados Manuel Assunção Sarmento e Manuel Gomes Batista, que descobriram na ocasião a galena do ribeirão da Galena, explorada pelo Barão de Eschwege mais tarde. 

Manuel Assunção Sarmento se tornaria guarda das minas de chumbo do rio Abaeté, onde morou muitos anos e cujo quartel levaria seu nome. 

Á época, todo o oeste de minas era regido pela comarca de Sabará. 

A primeira extração oficial 

Mantendo-se a fama que os rios do sertão (rio Abaeté, do Sono, Santo Antônio e Indaiá) abundavam de diamantes e na presença de tantas informações desencontradas, a junta do arraial do Tijuco (onde ficava a real administração dos diamantes) enviou para o rio Abaeté em 1786 uma tropa composta por negros e feitores, além de 01 administrador para garimpar estas zonas, a fim de investigar a viabilidade econômica do lugar. Esta expedição partiu do Tijuco sob o comando do administrador geral Miguel Ribeiro de Araújo. 

O trabalho dos feitores era de vigiar os escravos. Já o administrador era uma pessoa com grande conhecimento do garimpo, que dava ordem a todos. 

Tendo tido bons resultados na lavagem do cascalho, em 1791 iniciou-se os trabalhos de extração no Rio Abaeté, com 200 homens dirigidos pelo administrador José Antônio Alves Pereira. Esse garimpo durou de 1791 e 1794 com o resultado de:

*55 oitavas e 4 vinténs de diamantes, com despesa de 29,263$309 réis. 

Do ponto de vista dos Tijucanos, esse valor serviu apenas para pagar as despesas.


Nesta passagem de um rio pintada por Debret, podemos imaginar como era a rotina no Indaiá. 

As primeiras Guardas

Nesta época a descoberta de ouro na margem esquerda do rio Jequitinhonha causou outro rebuliço na região. Por causa disso, o Visconde de Barbacena ordenou a ocupação do rio Santo Antônio do Abaeté por uma guarda, cujos soldados fizeram, entretanto, causa comum com os garimpeiros. Entre eles celebrizou-se o soldado João Duarte Camargo, que, depois de permitir ao garimpeiro Jerônimo Rogueiro a extração de diamantes, ajudado por outros soldados saqueou-o e a muitos outros. Após assassiná-los, fugiu com o produto do roubo. O comandante do destacamento, um alferes, provavelmente por fraqueza ou má consciência, pediu apenas a remoção de João. Obtida a mesma, foi substituído pelo cadete Diogo Lopes Couro, no começo de 1791. 

O capitão Isidoro

Isidoro de Amorim Pereira, grande conhecedor dos sertões do Indaiá, é um homem a quem este blog deve um capítulo a parte. 
Ele invadiu a região nos idos de 1790 chefiando um grupo de garimpeiros ilegais. O cadete recém instalado no quartel do rio Abaeté, Diogo Lopes Couro, sabendo da notícia, marchou contra Isidoro e seus companheiros demonstrando pouca prudência e estratégia. No dia 25 de julho de 1791 travou-se uma luta feroz cujo resultado foi a morte do Cadete e de 2 soldados, além de sete outros militares feridos e dois garimpeiros mortos. Este combate ocorreu junto ao Nau de Guerra hoje distrito de Tiros.

Sabendo desta notícia, o governo enviou o Furriel José de Deus Lopes (sogro do Barão do Indaiá), mas este nada pode fazer contra o bando de Isidoro, que já havia se dispersado.
Lopes, que lhes foi ao encalço, veio a encontrar-se com o Assunção, Manuel Gomes Batista e vários outros, que lhe trouxeram jubilosos um grande e inestimável diamante de sete oitavas, três quartos e um vintém, o que equivalia a incríveis cento e trinta e oito quilates e meio. 

Pediram-lhe que o fizesse chegar ao Rei, que lhes daria uma recompensa. Lopes, ao invés ofereceu-lhes escolta de alguns soldados de sua tropa até Vila Rica, continuando ele com os restantes na perseguição dos garimpeiros. Isto se deu em 1796. 

José de Deus Lopes e o diamante do Abaeté

Atingindo o rio Indaiá, encontrou o grupo de Isidoro em plena atividade no porto dos Pintores. Conseguiu dispersá-los e queimar-lhes as choupanas.
Como, porém, continuassem a aparecer seguidamente em outros pontos do rio, foi também estabelecida no Indaiá uma guarda, que constantemente os impedia de voltar. Assim, o sertão ficou finalmente livre, e só mais tarde foi visitado por alguns poucos garimpeiros, que, vez ou outra, com licença dos guardas, exploravam o rio do Sono e o Sto. Antônio.

Quartéis e Presídios

Guardas e presídios subsequentes foram sendo construídos, a fim de se evitar o extravio, feitos em circunferência da capitania. A região do Oeste Mineiro contava com os seguintes quarteis: 

Quartel-Geral de Abaeté (logo acima da barra do rio de mesmo nome) do qual dependia o do Rio da Prata. 

Quartel-Geral do Paracatu, abrangendo: Porto Real, S. Luís, S. Isabel, Nazaré, S. Antônio, Olhos-d'água e Landim. 

Quartel-Geral de S. Romão

Quartel-Geral do Indaiá (estabelecido em 1791, ampliado em 1801) ao qual pertenciam os presídios de Santana (nas cercanias de Cedro do Abaeté, próximo a fazenda Santa Ana), Palmeiras, São João do Ferreiro, Argões (ou Aragões), Assunção (abaixo do da barra do ribeirão dos Tiros) Cachoeira Mansa (ou Bonita) e São João da Boa Vista (este entre as cabeceiras do ribeirão dos Veados e do ribeirão Marmelada).  

Quartel-Geral de Bambuí e seus anexos: Piauí, Porto Real e Cachoeira de Santa Teresa.

Isidoro, o garimpeiro célebre, na possibilidade de prosseguir no contrabando dos diamantes, fez ao Governo o oferecimento de servir de guia àqueles que iriam executar as pesquisas, que se pretendia realizar naquele sertão. Para isso ofereceu um diamante de 02 oitavas ao então governador da Capitania de Minas Gerais, Bernardo José de Lorena. 
 
Interessado por esta denúncia e atraído pelo famoso diamante do Abaeté (que pesava 07 oitavas e meia e 2 vinténs ) encontrado anos antes por Manuel Gomes Batista, incumbiu uma expedição contando com o médico e renomado naturalista Dr. José Vieira Couto para explorar aqueles rios. 

A expedição de 1800

A expedição que levou o Dr. Viera Couto partiu de Vila Rica em 24 de Abril 1800, engrossada pela do agora Capitão do Regimento dos Homens Pardos Isidoro Pereira de Amorim na fazenda do Capitão Amaro da Costa Guimarães (fundador de Dores do Indaiá) incumbido de servir de Guia. Estavam também o Sargento Mor Antônio José Dias Coelho e o Major Manuel Antônio de Magalhães. De Isidoro, o Dr. Coutro diz que era "homem pardo, maior de 50 anos, de muito poucas palavras e estas muito atenciosas, macias e cortesese: mas, de gênio retrincado e safaz". 

O roteiro deles foi o seguinte: seguiram rumo à Serra da Saudade, desviaram-se para norte, passaram por Quartel São João, e finalmente chegaram ao Indaiá. Nesta paragem , conseguiram extrair em um só cascalho, 42 diamantes. 

Após passarem pelo Indaiá, atingiram o Nau de Guerra, os rios Indaiazinho (ou Indaiá pequeno, como era chamado), Borrachudo, ribeirão dos Tiros, Quartel de Assunção, até chegarem ao rio Abaeté. 

Após o regresso desta expedição foi lavrada ata na junta da administração e arrecadação da real fazenda, atestando que aqueles territórios eram de "riqueza e merecimento". A partir daquele momento a zona passou a se chamar "Nova Lorena Diamantina", homenagem ao governador. 

Fontes: 

Carla Maria Carvalho de Almeida e Mônica Ribeiro de Oliveira  “O Brasil Colonial: volume 2 (1580-1720)”

A real extração: Historiografia e Debate - Samuel Paterson - UFJF - 2019 

Waldemar de Almeida Barbosa - História de Minas Gerais. 

FURTADO, Júnia F. O livro da capa verde: o regimento diamantino de 1771 e a vida no distrito diamantino no período da real extração. São Paulo, Annablume, 1996, pg. 26-27.

AHU, 1788. Manuscrito, Carta de Luís da Cunha Menezes, governador de Minas Gerais, para Martinho de Melo e Castro, secretário de Estado da Marinha e Ultramar, dando conta das diligências que mandara efetuar para expulsão de garimpeiros nos rios do Sono, Abaeté e outros, e da descoberta de uma grande riqueza diamantina na região

AHU, 1789. Manuscrito, Processos referentes aos requerimentos de Manoel Teixeira de Gueiroga que solicitam reembolso por despesas feitas com fornecimento de armamento ao regimento do Abaeté, 7 mar. 1789

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