MIGUEL ODORICO DE ALMEIDA BELTRÃO -PRIMEIRO FARMACÊUTICO DO CEDRO E TRINETO DE TIRADENTES. SÉRIE "HISTÓRIA DA MEDICINA EM CEDRO DO ABAETÉ".

Fotografia de Miguel em exposição na Policlínica que leva seu nome. 

Miguel Odorico de Almeida Beltrão, nasceu em Dores do Indaiá no dia 11 de setembro de 1911. Filho do casal Pedro de Almeida Beltrão e Zoé Cândida dos Santos. Seus pais eram primos. 

Seus irmãos foram José Almeida Beltrão, Zoé Cândida dos Santos, Maria Custódia dos Santos e Pedro de Almeida Beltrão Júnior (Pedro da Farmácia). 

Miguel foi soldado da polícia militar em Ouro Preto,  trabalhando na farmácia de manipulação da polícia e posteriormente em outras farmácias de Dores do Indaiá, antes de se casar. 

Casamento:

Casou-se com Efigênia Guimarães, filha de um dos fundadores do Cedro, no dia 08 de janeiro de 1939. Montando em seguida uma pequena farmácia no local.

Filhas do Coronel Francisco Guimarães. Ao centro está Efigênia, esposa de Miguel Beltrão.

A profissão

O boticário fundou uma farmácia na jovem vila provavelmente onde hoje é a casa da D. Aparecida Guimarães. Ser farmacêutico era tradição na família de Miguel. O seu avô, Belchior Beltrão Tiradentes (Dr. Precata) foi médico prático em Dores e segundo os seus netos, salvou muitas vidas. Belchior residiu também em Abaeté em 1877 e foi escrivão de paz naquele local.

Vida em Cedro 

Seu pai, Pedro de Almeida Beltrão (bisneto de Tiradentes) era seleiro, fabricava e consertava arreios. Também viveu em Cedro no início da década de 40, quando ainda era um pequeno povoado. "As casas eram cobertas de sapê e as paredes de barro. Poucas eram de alvenaria. A farmácia do meu tio era a única ajuda para a população" lembra D. Amélia Soares, sobrinha de Miguel Odorico, e que visitou o Cedro em 1944.

 

                            

Dr. Precata (livro Troncos Coloniais Mineiros).

Trineto de Joaquim José da Silva Xavier - O Tiradentes

Miguel Odorico era descente de Tiradentes. Para explicar a descendência do alferes é necessário entender o histórico. Após a prisão de Tiradentes,  Eugênia Joaquina da Silva com quem ele tinha tido um filho chamado João (então com seis anos de idade) foram acolhidos pelo amigo do alferes o senhor Joaquim de Almeida Beltrão, dono de um "côrte - ou açougue" em Vila Rica. O menino recebeu o sobrenome Almeida Beltrão para encobrir a descendência com Tiradentes. Anos depois, João assentou praça e residência em Espírito Santo do Quartel Geral (atual cidade com o mesmo nome), como membro da cavalaria paga, trabalhando no combate ao contrabando de diamantes. João teve filhos, sendo um deles o senhor Belchior de Almeida Beltrão (neto de Tiradentes e avô de Miguel Odorico). Belchior se casou duas vezes, todas em Dores do Indaiá. Pedro de Almeida Beltrão (Pedro Zica), que morou no Cedro, é fruto do primeiro casamento de Belchior com a senhora Maria Custódia Zica. 

Trineto - Miguel Odorico de Almeida Beltrão

Bisneto - Pedro de Almeida Beltrão

Neto - Belchior de Almeida Beltrão Tiradentes

Filho - João de Almeida Beltrão

Pai - Tiradentes

Genealogia de Miguel Odorico. A seta vermelha indica seu trisavô, o "Tiradentes". 

O país vivia ainda sob a ditadura militar (1969) quando um decreto-lei criou a pensão de dois salários mínimos para os três irmãos de Miguel Odorico que ainda estavam vivos: Pedro de Almeida Beltrão Júnior, Maria Custódia dos Santos e Zoé Cândida dos Santos, reconhecendo-os como legítimos descendentes de Tiradentes. O regime estimulava o culto aos heróis da pátria, como o líder da Inconfidência Mineira.

As irmãs de Miguel, Maria e Zoé. 

Pedro de Almeida Beltrão "Seu Pedro da Farmácia" aos 53 anos (1969). Trabalhou por toda a vida como farmacêutico em Dores do Indaiá.

É notório lembrar que a sentença que condenou o alferes Tiradentes à morte por crime de traição contra a coroa , lavrada em 13 de abril de 1792, considerava infame a todos os seus descendentes até a quarta geração, além de confiscar todos os seus bens, destruir sua casa e salgar o terreno por ela ocupado, como prova de maldição. Por isso, o reconhecimento de seus descendentes e pagamento de indenização, visava reparar as injustiças desta pena.

Descendência

De seu único casamento teve:

-Sandoval Guimarães Beltrão

-Helir Guimarães Beltrão

-Durval Guimarães Beltrão

-Nadir Guimarães Beltrão

-Ana Maria das Graças Beltrão

Falecimento e legado

Sua vida termina de forma trágica, em abril de 1947, por um envenenamento em sua farmácia. Foi sepultado ainda no antigo cemitério do Cedro, que já não existe, e seu túmulo tinha flores amarelas e cravos como recorda sua filha Nair.

Homenagens póstumas

Na década de 90 foi inaugurada a policlínica em Cedro, recebendo o nome de " Policlínica Dr. Miguel Odorico Beltrão". Por muitos anos concentrou a atenção primária e secundária à saúde da população e atualmente funciona como núcleo do NASF (núcleo de atenção à saúde da família).

Fontes:

1- http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspxbib=110523_03&pesq=%22Miguel%20Odorico%20Beltr%C3%A3o%22&hf=memoria.bn.br&pagfis=2236

2- Livro "Troncos Coloniais Mineiros".

Notas: Na década de 60, o professor Waldemar de Almeida Barbosa encontrou o registro de Batismo de João de Almeida Beltrão no livro de Registro da Matriz de N.S do Pilar em Ouro Preto – floras 354, datando de 15/07/1787. Neste registro, consta como sendo o pai o senhor José de Almeida Beltrão. Para Waldemar de Almeida Barbosa e também para o historiador José de Oliveira, este registro seria uma prova de que Tiradentes não era o pai biológico de João.